A presença da jovem e bela Pastora, que alimentou lendas ao longo dos séculos, inspirou grandes homens das Letras, foi musa de artistas e cativou o coração dos populares, nunca foi esquecida na pequena localidade de Linda-a-Pastora, que sempre lhe prestou a justa homenagem.
Na Avenida Tomás Ribeiro, uma das principais artérias rodoviárias que atravessa a povoação, junto ao quartel dos Bombeiros Voluntários, pode admirar-se um Chafariz decorado com azulejos azuis e brancos que retrata a figura da Pastora acompanhada pelo seu rebanho.
Mais recentemente, a 6 de novembro de 2009, no âmbito das comemorações dos 250 anos do Município de Oeiras, foi inaugurado um conjunto escultório, denominado ‘Linda a Pastora’, da autoria da escultora Aida de Sousa Dias, numa das zonas altas da localidade. Esta obra, instalada num pequeno ajardinado, junto à Escola Básica Cesário Verde, entre as ruas Almada Negreiros e Cesário Verde, é composto por uma pastora, em betão revestido a pedra, com ovelhas e um carneiro junto dela, esculpidos em pedra maciça e com os pés em bronze.
Para a realização deste conjunto escultório, Aida de Sousa Dias inspirou-se numa lenda incluída no livro ‘Romanceiro’, escrito por Almeida Garrett (1799- 1854), que lhe terá sido contada por uma lavadeira de nome Francisca, durante um Verão passado pelo escritor em Linda-a-Pastora.
A lenda narrada pelo precursor do Romantismo em Portugal começa assim: “– Linda pastorinha, que fazeis aqui? – Procuro o meu gado que por aí perdi. – Tão gentil senhora a guardar o gado! – Senhor, já nascemos para esse fado. – Por estas montanhas em tão grande p’rigo! Diga me, ó menina, se quer vir comigo.”
Também Jorge Verde, irmão de Cesário Verde, precursor do Modernismo em Portugal, foi influenciado pela figura da bela Pastora, a quem dedicou um poema: “Há na Terra uma Pastora / Que está sempre olhando o mar, / Não é morena nem loira / E é branca como o luar. / Chamamos linda a pastora / Que os dias passa a cismar / Numa encosta encantadora / Que de longe olha p’ ra o mar.”