A construção da igreja de São Miguel Arcanjo, em Queijas, foi fruto da dedicação e do esforço da população local que, em torno do seu padre, José Correia Gonçalves, sonhou e construiu este templo. A 13 de maio de 1984 teve lugar a bênção da primeira pedra. A data não foi escolhida ao acaso estando carregada de simbolismo para todos os que peregrinam até à Cova da Iria, intercedendo junto da Senhora de Fátima pela sua bênção e proteção.
A dedicação desta igreja teve lugar a 28 de setembro de 1986 – véspera da Solenidade de S. Miguel Arcanjo – e foi presidida por D. António Ribeiro, Cardeal- Patriarca de Lisboa. No ano seguinte, a 8 de dezembro, dia da Solenidade da Imaculada Conceição, a igreja foi elevada à condição de Paróquia. Atualmente, esta paróquia tem como pároco o Padre Alexandre Francisco Ferreira dos Santos e conta com várias valências em prol das mais variadas faixas etárias – lar, centro de dia, apoio domiciliário, catequese, entre outros.
Neste espaço podem ser observados cinco vitrais da autoria do artista plástico e pintor Eduardo Nery. Com autonomia criativa, não tendo existido qualquer intervenção do pároco, o artista optou por não usar símbolos em dois dos vitrais. Porém, a intencionalidade religiosa continua neles presente. É o caso do vitral nas frestas estreitas da fachada principal da paróquia, onde estão representadas barras diagonais inclinadas, que contrastam com a verticalidade dos elementos estruturais, em betão. Eduardo Nery recorreu ao vidro negro para marcar vincadamente certos triângulos e, ainda, para acentuar as superfícies claras na parte superior, conferindo-lhe assim um sentido ascensional de procura da Luz. Também o vitral por trás do altar está isento de símbolos. O seu papel passa apenas por criar vibração cromática em torno da grande cruz de ferro que se encontra na parede. É na torre da igreja que está o maior vitral no qual se encontra um enorme círculo, como símbolo da Plenitude Divina, como Consciência Superior, expandindo-se em círculos concêntricos, em ondas, numa imagem que também poderá ser interpretada como expansão da Fé e da Verdade Divina. Por outro lado, dada a assimetria na zona inferior do vitral, o artista criou um ritmo de verticais que poderão ser associadas a um cálice, com a marcação do pé e da base e, também, da taça superior.
Neste caso, o círculo simbolizaria a Sagrada Hóstia. É preciso prestar atenção para perceber que, de forma subtil, Eduardo Nery representou uma cruz mais clara sobre os círculos concêntricos. Junto ao batistério, encontra-se um vitral inspirado na água do batismo, no qual se observa ao centro um Sol em expansão e ainda um arco-íris, uma nuvem , a água da chuva e em baixo a água do mar ou de um lago, cuja ondulação acompanha harmoniosamente o movimento de um fluxo solar. Por último, o vitral colocada à entrada da igreja reflete os dois temas simbólicos principais: o Fogo (a Fé) e o círculo como sua expansão, ou ainda como expansão da Consciência Divina. Como subtemas deste vitral devem ainda ser referidos uma sucessão de triângulos, que crescem de baixo para cima e para o centro, como metáfora do crescimento interior; e a espiral que surge como símbolo do crescimento da vida e, por acréscimo, como desenvolvimento do espírito, tanto mais que ela se encontra inscrita no interior do círculo maior, onde foi simbolizada a Consciência Divina.
A paróquia conta também com uma pintura mural, sob a forma de tríptico, da autoria do pintor Victor Lages, intitulado ‘Três-Marias’. Da direita para a esquerda encontram-se primeiramente as figuras da Sagrada Família, seguindo-se a representação de Maria com Jesus, o batismo, a morte e a ressurreição, os louvores, e já do outro lado, o último painel representa a adoração ao próprio corpo de Cristo no sacrário. O vitral que se encontra na extremidade do painel principal é essencial para o resultado visual deste painel, pois o Sol, ao entrar, cria uma projeção ultra-colorida, num jogo de cores e reflexos. A cruz de ferro, que já se encontrava junto ao altar, foi aproveitada pelo artista para fazer um efeito especial pintando reflexos que se dirigem a três legionários romanos representados como o Mal. As cores utilizadas nesta pintura não foram escolhidas ao acaso: o azul representa a Terra e o alaranjado a parte espiritual.