Considerada uma das mais importantes Obras Pombalinas existentes no Concelho de Oeiras, o Aqueduto de Carnaxide inclui a Nascente, a Mina e a Mãe de Água, três Clarabóias e um Chafariz Pombalino localizado no centro histórico da vila. Durante muitos anos, esta infraestrutura com cerca de um quilómetro de comprimento, dois metros de altura e 80 centímetros de largura assegurou o abastecimento de água a Carnaxide.
O Aqueduto é constituído por uma construção subterrânea (galeria), apenas visível à superfície pelas três clarabóias distribuídas ao longo do seu percurso e pela magnífica Mãe de Água localizada próximo da mina onde é captada a água que o abastece. Foi mandado construir pelo rei D. José I em 1765 e inaugurado no ano seguinte. Transportava a água desde a nascente situada em plena Serra de Carnaxide até à zona antiga da Vila.
A construção deste belo exemplar da Arquitetura Pombalina ficou a dever-se aos muitos pedidos feitos pela população local, que se queixava que a água que vinha da Serra de Carnaxide, e que consideravam como sua, era desviada para abastecer o Aqueduto de Caneças, que integrava um sistema de aquedutos subsidiários que levavam novos caudais até ao Aqueduto Principal das Águas Livres, que transportava o precioso líquido até Lisboa.
Respondendo de forma positiva aos pedidos feitos pela população junto do Conde de Oeiras e Marquês de Pombal, Secretário de Estado de D. José I, o monarca mandou construir o Aqueduto, decisão que pode ser entendida como um agradecimento à população de Carnaxide, que muito beneficiou desta obra e que tinha sofrido recentemente os efeitos trágicos do terramoto de 1755. Desde 2013, o Aqueduto de Carnaxide está classificado como Monumento de Interesse Público.
CHAFARIZ POMBALINO
Nesta construção praticamente toda enterrada, constituída por uma galeria transitável de calcário com teto de rocha, são apenas visíveis à superfície as clarabóias que iluminam e ventilam o percurso realizado pela água desde a nascente até ao chafariz localizado no centro histórico da Vila de Carnaxide. Também à superfície, fica um pequeno troço junto à Igreja de São Romão, onde está a entrada para as galerias subterrâneas.
A cerca de 300 metros da nascente, bem no coração da Serra de Carnaxide, foi construída a Mãe de Água, uma edificação de planta octogonal com oito janelas e uma porta, em cantaria de granito aparente, em aparelho isódomo, com alto embasamento escalonado. No interior desta estrutura, com uma profundidade de 20 metros, encontra-se um tanque circular em lioz com moldura saliente, que funciona como reservatório e filtro da água que chega da nascente.
O Chafariz Pombalino situado no centro histórico de Carnaxide recebia a água fresca e pura proveniente da serra que era consumida pela população. O frontispício do monumento, que tem esculpido o brasão real, apresenta uma inscrição em latim a referir que “o fidelíssimo Rei D. José I, liberal, magnifico e piedoso, mandou que para utilidade deste povo, corresse livre esta água. Ano do Senhor de 1766”. Hoje, a água é considerada “imprópria para consumo”.
Acredita-se que o projeto do Aqueduto de Carnaxide terá sido assinado por Carlos Mardel (1695-1763), engenheiro e arquiteto militar de nacionalidade húngara que ficou conhecido como um dos principais autores dos projetos do Aqueduto das Águas Livres e do Palácio do Marquês de Pombal. Quando Carlos Mardel morreu, o arquiteto genovês D. Miguel Ângelo de Blasco (1679-1772) assumiu a responsabilidade da edificação do Aqueduto de Carnaxide.